A canela-seca ou canela-branca, composto natural isolado de árvores da espécie Nectandra leucantha, apresentou atividade antiparasitária e anti-inflamatória para o tratamento daleishmaniose visceral e da doença de Chagas.
Esse foi o resultado de uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Ohio State University, nos Estados Unidos, com apoio da FAPESP e publicada no Journal of Natural Products.
“Se a molécula demonstrar eficácia e segurança também nos ensaios pré-clínicos in vivo, poderá servir de protótipo para o desenvolvimento de um novo fármaco”, disse André Gustavo Tempone, pesquisador do Instituto Adolfo Lutz.
“Já de início o composto se mostrou interessante, pois foi possível isolar uma grande quantidade em laboratório. Em pesquisas de produtos naturais, o comum é obter alguns poucos miligramas da substância ativa, mas o grupo da Unifesp conseguiu obtê-la na escala de gramas, o que facilita muito a realização dos testes pré-clínicos”, relatou Tempone.
As primeiras experiências realizadas no IAL deram conta que a substância foi capaz de matar parasitas das espécies Leishmania infantum (leishmaniose visceral) e Trypanosoma cruzi (doença de Chagas), sem apresentar quase toxicidade às células. Logo depois, uma parceria com o professor Abhay Satoskar, da Ohio State University, e a estudante de pós-doutorado Thaís Alves da Costa-Silva, investigou o efeito do composto sobre as células do sistema imunológico. Assim, a pesquisadora infectou os camundongos com parasitas da espécie Leishmania donovani, que também é responsável pela leishmaniose visceral.
“Além da atividade antiparasitária que já havíamos demonstrado aqui no Brasil contra a L. infantum e o T. cruzi, ela também observou nos macrófagos uma menor produção de duas diferentes citocinas inflamatórias: interleucina-6 (IL6) e interleucina-10 (IL10). Essas moléculas costumam exacerbar a doença, pois fazem com que o sistema imunológico ataque os tecidos do próprio organismo na tentativa de combater o parasita. O composto tem, portanto, uma dupla ação”, concluiu o pesquisador.
Com informações do Labnetwork – 27.5.15