Em artigo publicado no jornal Folha de S Paulo, em edição de 18/9, o médico Drauzio Varella falou sobre a possível revolução na medicina a partir da manipulação do microbioma humano.
O médico citou uma frase publicada no British Medical Journal que fala que “o intestino contém um número de genes cem vezes maior do que o do hospedeiro, é específico de cada pessoa, possui componentes herdáveis, e pode ser modificado pela dieta, por cirurgia ou antibióticos”.
Drauzio defendeu que a microbiota intestinal está integralmente associada à saúde, mas também à promoção de doenças em outros órgãos. “A população de bactérias que vive no jejuno e no íleo é diferente em número e composição daquela encontrada no cólon e no reto. A diversificação é explicável pela disponibilidade de nutrientes: carboidratos complexos no cólon e reto; moléculas menores de carboidratos no jejuno-íleo”, escreveu.
Segundo ele, a fermentação dos carboidratos é a atividade central do microbiota intestinal e as substâncias do processo têm um papel fundamental para controlar o sistema imunológico e as reações inflamatórias, inclusive a inflamação crônica das células adiposas em obesos. “Nos obesos, existe relativa abundância de Firmicutes e redução do número de Bacteroidetes. A perda de peso está associada à proliferação de Bacteroidetes”, disse.
As taxas de glicose no sangue estão relacionadas também com a microbiota. De acordo com o médico, fezes transplantadas de indivíduos magros para o intestino de pessoas diabéticas faz ampliar a diversidade de bactérias e a sensibilidade à insulina. Na visão do médico, a obesidade também se deve às diferenças dos microrganismos intestinais, além do excesso de calorias.
Outra constatação citada por Drauzio Varella são as interações das funções metabólicas do microbioma intestinal e a etiologia do câncer de cólon e reto.
“Há diversos testes com probióticos e prebióticos capazes de modular o crescimento e alterar as características da flora intestinal na prevenção e no tratamento da obesidade, de doenças inflamatórias, infecciosas, degenerativas e até de transtornos psiquiátricos”, concluiu.
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