1. Qual a importância da consolidação do compliance nas associações do ponto de vista da reputação institucional? Por outro lado, quais os riscos de imagem e credibilidade caso não haja um guia estruturado de transparência e boas práticas administrativas?
Políticas de integridade são essenciais para legitimar a atuação de entidades representativas de setores econômicos. Associações são entidades representativas que ganham força à medida que o ambiente democrático se consolida, e se tornam necessárias para defender interesses dos setores que representam. Para que possam atuar como vozes setoriais, confiabilidade e transparência são os atributos que lhes dão autoridade. É exatamente aí que entram as políticas de compliance, dizendo com clareza o que e como a entidade vai atuar. A falta de procedimentos para boas práticas administrativas gera desconfiança, prejudicando tanto a imagem da associação como a de seus associados.
2. Sabemos que programas de integridade devem ser adaptados às características e riscos de cada setor. No caso das associações, especialmente no segmento de alimentos para fins especiais, quais são os principais desafios e oportunidades para a construção de uma cultura de compliance eficaz?
No setor de alimentos para fins especiais, o desafio principal está em ter um programa de compliance que considere as características do setor. O erro mais dramático e, infelizmente, mais comum, é ter programas de integridade construídos a partir da cópia de outros programas.
O programa de compliance precisa ser adaptado para responder aos riscos e necessidades particulares dessa área, que, além de ser altamente regulada, ainda envolve um alto nível de responsabilidade em relação à saúde pública. Oportunidades surgem quando as associações utilizam esse programa como uma maneira de fortalecer sua posição como defensora de práticas éticas e transparentes. A cultura de compliance, quando bem estruturada, agrega valor à imagem da associação, gerando confiança entre os associados e a sociedade, além de contribuir para a construção de um setor mais responsável e alinhado com as melhores práticas.
3. Como as associações podem estruturar e comunicar de forma clara seu programa de compliance, garantindo engajamento e alinhamento tanto dos associados quanto da sociedade?
A estruturação e a comunicação clara de um programa de compliance começam com a criação de um código acessível, que explique de forma simples e transparente as práticas e normas a serem seguidas. Este código pode, e deve, ser construído em conjunto com os associados para que todos se sintam representados pelas práticas propostas. A comunicação precisa ser constante, utilizando canais eficazes para garantir que todos os associados entendam e compartilhem os mesmos valores e objetivos. Ao envolver os associados de forma ativa e transparente no processo, a associação promove um ambiente de alinhamento, tanto entre seus membros quanto com a sociedade, criando uma cultura de confiança e responsabilidade.
4. Qual o papel das lideranças na consolidação de um sistema de compliance que vá além do cumprimento regulatório e se torne um diferencial estratégico para a reputação da associação?
As lideranças têm um papel essencial na implementação de um sistema de compliance que não se limite apenas ao cumprimento das normas, mas que se torne um diferencial estratégico. As lideranças devem ser as principais defensoras do compliance, demonstrando, com sua postura, a importância do código de ética e das boas práticas para a associação. Além disso, elas devem garantir que o programa de compliance seja não apenas uma obrigação regulatória, mas um elemento que fortaleça a reputação da associação e a sua legitimidade perante a sociedade. Quando as lideranças engajam ativamente os associados e demonstram a importância do compliance para o sucesso coletivo, isso transforma a associação em uma referência de ética e integridade, gerando confiança e respeito em todo o setor.