1. Em geral, é possível apontar as principais necessidades nutricionais de pessoas que seguem dietas baseadas em plantas, como veganos, vegetarianos e flexitarianos? Quais nutrientes precisam de mais atenção?
Ao cuidarmos desse público que realiza uma alimentação baseada em plantas, normalmente a recomendação de fibras é atingida, o que não acontece com grande parte da população. Por outro lado, temos que ficar atentos às necessidades de proteínas, uma vez que os alimentos de origem vegetal têm menor concentração de proteínas por porção. Por exemplo, em 100g de peixe temos 22.6g de proteínas, enquanto em 100g de feijão encontramos 4.8g. Diante disso, a porção a ser consumida deverá ser maior; e caso não consiga consumi-la, hoje temos diversos suplementos proteicos veganos com excelente perfil e sabor que podem ser incluídos no planejamento alimentar.
Outro nutriente que considero essencial é a vitamina b12, já que uma das principais fontes é a carne vermelha; por isso, a suplementação dessa vitamina é essencial.
Cálcio, normalmente, é obtido a partir dos leites e derivados provenientes da vaca; mas hoje em dia, os leites vegetais normalmente têm acréscimo desse mineral. Além disso, as verduras verdes escuras também fornecem cálcio e com boa biodisponibilidade.
O ferro, essencial para a formação dos glóbulos vermelhos e nos dar mais energia, também pode estar em deficiência nessa população. Normalmente costumo indicar sucos que contenham alimentos fonte de vitamina C (que aumenta a absorção do ferro) e uma fruta verde escura (fonte de ferro menos disponível), visando aumentar a ingestão do nutriente
2. Qual é o papel da suplementação na dieta de quem opta por reduzir ou eliminar proteínas de origem animal?
Eu considero essencial! Uma vez que os alimentos de origem vegetal têm menor concentração de proteínas. Para atingir a recomendação por refeição, seria necessário consumir uma porção muito grande desses alimentos, o que normalmente não acontece.
3. Como garantir que esses consumidores obtenham os nutrientes essenciais para a saúde a longo prazo?
Adequação constante do planejamento alimentar; solicitação de exames bioquímicos a cada três meses visando observar as possíveis deficiências e corrigi-las e a orientação dos suplementos alimentares necessários.
Além disso, é importante lembrar que não é porque a pessoa segue uma dieta vegetariana, que ela é mais saudável que uma pessoa carnívora. Já atendi diversos pacientes vegetarianos ou veganos cujo maior consumo era de alimentos de menor valor nutricional. Diante disso, independentemente de comer carne ou não, a qualidade da alimentação, adequação e harmonia entre os alimentos, deve ocorrer.
4. A deficiência de proteína é uma preocupação comum nesse público. Como as fontes de proteínas vegetais se comparam às proteínas de origem animal em termos de absorção e eficácia?
As proteínas vegetais têm uma digestão reduzida em relação às de origem animal e, portanto, menor biodisponibilidade. Uma boa opção visando complementar os aminoácidos necessários é incluir na dieta uma refeição contendo cereais e leguminosas, como por exemplo, o famoso arroz e feijão.
5. As necessidades nutricionais de veganos, vegetarianos e flexitarianos podem variar dependendo de fatores como idade, nível de atividade física ou condições de saúde específicas?
Sim, em cada faixa etária é necessário adequar as quantidades de nutrientes devido às alterações que ocorrem no corpo, referente a cada fase da vida. Além disso, se temos a presença de alguma doença crônica, também há a necessidade de adequar o planejamento alimentar para controle dessa doença. Se pratica atividade física, a depender do tipo, frequência e carga, a alimentação deve ser adequada, especialmente no que se refere a quantidade de proteínas.
Uma ferramenta útil para vegetarianos e veganos é a Pirâmide Alimentar Vegetariana, desenvolvida pela Universidade de Loma Linda, que orienta sobre o consumo de grupos alimentares específicos, como grãos integrais, leguminosas, vegetais, frutas, nozes e sementes. Essa pirâmide oferece uma visão abrangente de uma dieta equilibrada baseada em vegetais e inclui recomendações para consumo diário e ocasional, além de enfatizar a importância da hidratação e da prática regular de atividade física. Esse guia pode ajudar a garantir que as necessidades nutricionais sejam atendidas de maneira equilibrada e saudável.