Tendências para o mercado de alimentos em 2021 são de boas oportunidades - Abiad

Tendências para o mercado de alimentos em 2021 são de boas oportunidades

19 de janeiro de 2021

Ary Bucione, sócio-fundador da NutriConnection

Falar sobre tendências é sempre um exercício baseado em dados e análises. O ano de 2020 não foi exatamente fácil de ser previsto, mas trouxe boas sinalizações do que podem ser oportunidades neste e nos próximos anos. Com isso, a NutriConnection elaborou o Relatório Tendências 2021, um documento que estimula a reflexão nesse momento ímpar em que vivemos, sem ser uma simples lista de opções.

Ao invés do tradicional “da fazenda ao garfo”, fomos “do garfo à fazenda” para olhar o que o consumidor espera e deseja da indústria de alimentos.

Saudabilidade e sabor são dois elementos que nunca podem ficar dissociados, mas, especialmente em 2020, devido à pandemia, a busca por produtos saudáveis se tornou ainda mais intensa. E deve permanecer por muito tempo, pois alimento sem sabor, não vende; e as pessoas apontaram, inclusive pela pesquisa conduzida no ano passado pela ABIAD, pretendem passar a buscar uma alimentação mais saudável.

Quando fizemos a matriz de priorização das tendências, tendo em um eixo a “facilidade de ganhar mercado” e no outro a “convergência de pilares – indústria / corporações / sociedade”, identificamos oito grandes tendências: alimentos funcionais, proteínas plant-based, digitalização e tecnologia, home office, sustentabilidade, idosos, home cooking e food safety.

A análise é bem completa, pois abrange todas as indústrias ligadas à alimentação, mas, nesse artigo, vou me ater a alguns aspectos de maior interesse das empresas associadas da ABIAD.

A reinvenção dos alimentos funcionais – Observamos que são alimentos que sempre evoluem, e é uma categoria que tem como grande valor nutrir com benefícios à saúde. Isso inclui os tradicionais probióticos e prebióticos, mais os recentes psicobióticos e pósbióticos. Uma pesquisa da Fiocruz apontou que 29% dos brasileiros acredita que sua saúde piorou após o início da pandemia, sendo um dos principais motivos o sentimento de tristeza, depressão e ansiedade, o que aumenta o espaço de entrada desses produtos.

Proteínas plant-based – Igualmente capazes de aliar saúde e sabor e, ainda, a questão da sustentabilidade e possibilidade de veganismo. Uma pesquisa apontou que 90% dos brasileiros estão abertos a experimentar produtos plant-based visando substituir, total ou parcialmente, os alimentos com ingredientes animais.

Minha casa ou meu home office – nossas mesas de jantar se transformaram em nossas mesas de trabalho durante o dia. E essa política deve ser mantida, mesmo que parcialmente, na maioria das empresas. Os snacks (ou mono porções) que propiciem bem-estar são opções muito buscadas pelas pessoas em momentos de home office.

Idosos – Em poucos anos, pessoas com mais de 60 anos de idade serão quase 20% dos brasileiros, e saber se comunicar com este público e gerar valor a eles pode ser um diferencial na indústria alimentícia. Para se ter uma ideia, os idosos tiveram um crescimento três vezes maior no mundo digital quando comparado às gerações mais jovens e devem representar 30% do consumo digital em 2030 e 37% em 2050. Quebrar paradigmas em relação ao fato de que as pessoas mais velhas estão, sim, entrando na digitalização, é essencial.

Home cooking – O ato de cozinhar em casa ficou mais forte na pandemia. Isso gera oportunidades para fabricantes de ingredientes para uso doméstico. A lista é longa e abre uma janela enorme de oportunidade ao setor.

Higiene e segurança (food safety) – Tem sido uma das maiores preocupações dos consumidores durante a pandemia e uma das que a indústria mais deve considerar em 2021. Oferecer segurança e transmitir essa percepção aos consumidores é importante. Muitos podem deixar de comprar se acharem que o alimento oferece algum risco à saúde, incluindo a contaminação por vírus, fungos ou bactérias – não somente no produto em si, mas também em sua embalagem.

São todas tendências, ou seja, linhas gerais do que, provavelmente, deve ditar o movimento do mercado consumidor (sempre com o olhar do consumidor). As empresas que conseguirem aliar duas ou mais dessas tendências estarão em um excelente patamar de competitividade.

Espero que todos os envolvidos nesse enorme mercado de alimentos aproveitem 2021 com sabedoria, vontade e olhar inovador. Porque, esse turbilhão social e econômico vai passar e, como nas demais crises, podemos ser meros espectadores ou agentes importantes da transformação para assumir a dianteira do próximo momento.

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