Dada a relevância social, política e econômica da guerra entre Rússia e Ucrânia iniciada em 24 de fevereiro e (até o fechamento desta edição), ainda em andamento, a BMJ Consultores Associados realizou o webinar “A guerra e os impactos na cadeia de alimentos” para associadas da ABIAD.
O evento, realizado no dia 14 de março, foi conduzido por Wagner Parente Filho, CEO da consultoria e trouxe uma ampla visão sobre os impactos atuais e futuros no Brasil, gerados pela guerra.
Ao que tudo indica, a Rússia acreditava que seria muito mais fácil vencer a guerra contra a Ucrânia. Essa decepção piorou o cenário humanitário com sucessivos ataques a civis e uma guerrilha urbana.
Do ponto de vista econômico, o Brasil foi favorecido em um primeiro momento, devido ao aumento dos preços de commodities e entrada de capital no país. Porém, esse cenário não é sustentável e sofreu um primeiro impacto com o aumento abrupto do preço internacional do petróleo. O governo brasileiro agiu rápido alterando a tributação sobre combustíveis de maneira a reduzir o preço sem correr o risco de uma punição por parte do TSE, que poderia considerar uma intervenção na política de preços da Petrobras como manobra populista em ano eleitoral.
Do ponto de vista agrícola e de alimentos, o Brasil é grande importador de fertilizantes da Rússia. Com o embargo econômico, a Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, passou a negociar o aumento da importação do insumo do Canadá e pretende reduzir a dependência internacional em fertilizantes nos próximos 30 anos. Esse tema é polêmico e complexo, pois envolve a exploração em reservas indígenas, portanto não deve ocasionar mudanças em curto prazo. Rússia e Ucrânia são importantes exportadores de trigo, milho e soja. Os dois últimos não são um problema para o Brasil do ponto de vista de abastecimento, pois também somos exportadores, mas devem pressionar os preços internos. O Brasil não tem autossuficiência em trigo, tendo como principal origem o produto argentino, que já sofreu aumento de preço.
Em termos de perspectivas de encerramento do conflito, a BMJ apontou cinco possibilidades, conforme quadro abaixo.
A Consultoria acredita que a guerra pode durar enquanto houver dinheiro para mantê-la em andamento. Quanto ao envolvimento do Brasil, a atual posição dúbia ao votar pela condenação da guerra na ONU, mas não se opor oficialmente contra a guerra, pode gerar problemas com outros importantes parceiros comerciais, como os Estados Unidos.