A evolução econômica do setor de alimentos para fins especiais em 2023 - Abiad

A evolução econômica do setor de alimentos para fins especiais em 2023

21 de março de 2024

Em 2023, houve um cenário especialmente favorável para as bebidas dietéticas ou de baixas calorias, as quais experimentaram um crescimento de 8,4%. Seguindo essa mesma tendência, os complementos alimentares e suplementos vitamínicos registraram uma evolução de 2,3%.

Tais dados de mercado são avaliados pelo índice de consumo aparente calculado pela Websetorial, levando em consideração a produção doméstica, importações e descontando as exportações.

Além dos números positivos sobre o aumento do consumo e interesse pelos produtos citados acima, o setor também foi responsável por uma evolução de 5,5% nas contratações entre 2022 e 2023.

Atualmente, a indústria de alimentos para fins especiais emprega mais de 170 mil pessoas, abrangendo desde a fabricação até o comércio desses produtos.

Por outro lado, também no ano passado, o setor em geral permaneceu estável, registrando um leve recuo de -0,2%. Isso sugere uma estagnação, já que o acumulado em 12 meses apresentou variação nula (0,0%), conforme dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE.

As importações em 2023

No que diz respeito às importações de forma ampla, os alimentos para fins especiais alcançaram números robustos, totalizando 623 milhões de dólares.

Entre os grupos de destaque, estão:

  • “Complementos alimentares”, da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), representou 24% do total importado, alcançando um valor de US$ 190 milhões.
  • Em segundo lugar, o grupo da NCM 3502.2000, que inclui “Lactalbumina e os concentrados de duas ou mais proteínas de soro de leite”, representou 12% do total importado, com um valor de US$ 96,2 milhões.

O acumulado de janeiro a setembro de 2023 também indica um bom momento para as importações de bebidas dietéticas e de baixas calorias, com crescimento de 31,6% em relação ao mesmo período de 2022. Em termos de valor, essas importações atingiram US$ 190 milhões, comparadas com US$ 144,9 milhões no mesmo período de 2022.

A categoria de “complementos alimentares” registrou um aumento de 22%. Nessa mesma linha, vale destacar também o crescimento de 76,6% nas importações de bebidas lácteas e leite fermentado, além do avanço de 29,7% em bebidas à base de vegetais.

Como contraponto, observou-se queda acentuada de 87,4% nas importações específicas de “alimentos para grupos populacionais específicos: gestantes, crianças e idosos”, possivelmente indicando uma transição para produtos de fabricação nacional.

Entendendo a conjuntura e 2023

É importante contextualizar os resultados do recuo de –0,2% à luz da desaceleração moderada da atividade econômica global ocorrida durante o período de doze meses que compreendeu o ano de 2023.

Este ano ficou marcado pelos desafios relacionados à demanda fraca, juntamente com aumentos nos preços e nos custos dos empréstimos, conduzindo os consumidores endividados a restringirem seus gastos, o que, por consequência, afetou as empresas do setor.

No cenário nacional, até setembro de 2023, a produção industrial variou apenas 0,1% em relação a agosto, levando em consideração os ajustes sazonais.

Devido a essa conjuntura, o setor industrial, majoritariamente, ainda se encontra 1,6% abaixo do nível pré-pandêmico (fevereiro de 2020) e 18,1% aquém do pico histórico registrado em maio de 2011.

Ademais, a situação fiscal incerta e a falta de avanços significativos na implementação de reformas voltadas para a melhoria da eficiência do gasto público persistem como desafios para a macroeconomia nacional. Essa realidade se reflete em queda de 57,4% nos investimentos diretos no país (IDP) em agosto de 2023, acompanhada por uma redução de 4% na arrecadação e variações nos resultados da produção industrial.

Os números de destaque entre 2018 e 2023

Apesar do recuo observado entre 2023 e 2024, uma avaliação abrangente dos últimos seis anos confirma o bom desempenho do setor de alimentos destinados a fins especiais. Destaca-se um aumento de 13% no seu consumo aparente durante esse período.

Analisando retrospectivamente a parte das exportações, nota-se um aumento de 47%, enquanto a produção de alimentos destinados a fins especiais alcançou a marca de US$ 6,4 bilhões. Esse número representa um incremento de 17% em relação aos dados de 2018.

De acordo com os dados de produção apresentados, o grupo que chamou a atenção no setor de alimentos para fins especiais foi o dos complementos alimentares, suplementos vitamínicos e minerais ou produtos semelhantes, representando o principal segmento de produtos em 2023, contribuindo com 23,96% da produção do setor, totalizando um valor de US$ 1.535 milhões.

Projeção do ano de 2024

Previsões para 2024 no cenário doméstico indicam que a produção de alimentos no Brasil enfrentará desafios consideráveis, incluindo o cumprimento da meta fiscal, a aprovação da reforma tributária e a insegurança jurídica no campo, como o retorno das invasões de terra. Esses fatores têm potencial para impactar o PIB do agronegócio no próximo ano.

Em relação a isso, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) projeta variação entre estabilidade e queda de até 2% na economia do campo. Em contrapartida, o PIB da Agropecuária pode registrar um modesto aumento de 1,5%.

Quanto à demanda por alimentos para fins especiais, prevê-se crescimento modesto, em consonância com o desempenho econômico nacional, projetado em 1,6%. A diversificação nas linhas de bebidas dietéticas sugere potenciais oportunidades de expansão.

Ademais, as exportações devem seguir aumentando, devido aos impasses vividos dentro da União Europeia, ocasionados por protestos de agricultores.

*Fonte: os dados presentes nesse texto foram retirados do Boletim produzido pela Websetorial, edições nº 28 e nº 29.

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