1. Para começar, apresente-se e conte como foi sua trajetória profissional, destacando os principais desafios que você enfrentou até consolidar sua posição atual na IFF:
Meu nome é Deia Vilela, sou Diretora para a América Latina da Unidade de negócios Health & Biosciences da IFF. Possuo graduação em Engenharia de Alimentos pela UNESP, Mestrado em Marketing pela ESPM e especialização em negócios pela Universidad Austral, na Argentina. Comecei minha carreira como trainee no Banco Nacional, onde dei meus primeiros passos na área comercial e aprendi como servir nossos clientes. Posteriormente, entrei no mercado de ingredientes para alimentos, momento em que me apaixonei pela biotecnologia.
Estou envolvida há quase 30 anos em diferentes áreas de aplicação da indústria de base biológica e sustentável, ocupando posições em vendas e marketing em empresas multinacionais como Danisco e DuPont Nutrition & Biosciences, cujos portfólios agora integram a unidade de negócios de Health & Biosciences da IFF. Fui a primeira mulher a assumir uma posição de liderança em uma unidade de negócios de ingredientes/enzimas da Danisco/DuPont na América Latina (na antiga DuPont Nutrition & Biosciences, atual divisão de Health & Biosciences da IFF).
Durante esses anos, tive a oportunidade de desenvolver minhas habilidades de liderança, trabalhando com equipes multidisciplinares e multiculturais, em negócios que envolviam regiões da América Latina e da África Subsaariana.
Hoje, lidero uma equipe de especialistas em biotecnologia, com foco no desenvolvimento de novos mercados e novas aplicações em alimentos, suplementos alimentares, nutrição e saúde animal, cuidados pessoais e da casa, biocombustíveis e mercados industriais.
2. Na sua rotina, como você aplica os conhecimentos adquiridos através de sua experiência para aprimorar ainda mais o seu trabalho e o desempenho da empresa como um todo?
Ter nascido no interior, em uma cidade de 100 mil habitantes, Ituiutaba (MG), e vindo de uma família de base agrícola, aprendendo desde cedo a lutar pelo meu lugar e espaço, só somaram a esse aprendizado e desenvolvimento. Desde as primeiras conquistas, fosse conseguir fazer uma faculdade longe de casa ou chegar à posição em que estou agora, o que sempre me impulsionou foi saber que eu era vista como o orgulho de muitas mulheres, tanto na minha vida pessoal quanto profissional.
Além disso, acredito que a minha experiência em vendas de produtos de biotecnologia, associada ao compromisso com a entrega de resultados e à ética que demonstrei ao longo da minha carreira, contribuiu para todas as minhas conquistas até agora.
Ao longo da minha carreira, estive ativamente envolvida na expansão do mercado de base biológica, como enzimas e probióticos. Acredito que o trabalho altamente integrado com diferentes culturas ao redor do mundo me permite conectar pessoas e inovação às necessidades dos mercados emergentes, conhecimento que agrega valor às nossas relações com clientes e stakeholders-chave.
3. Poderia destacar os principais segmentos em que sua empresa atua dentro do portfólio da ABIAD e explicar por que esses segmentos são classificados como parte do setor de alimentos para fins especiais?
Como líderes globais nos segmentos de alimentos, bebidas, aromas, cuidados pessoais e domésticos, e saúde, fazemos muito e inovamos continuamente para fazer melhor.
Com a ABIAD, nosso trabalho é focado principalmente na promoção de um maior conhecimento sobre probióticos. Atualmente, cerca de um terço dos suplementos probióticos no mundo contém cepas desenvolvidas pela IFF. Este segmento, no entanto, ainda é muito novo no Brasil e na América Latina, o que demanda um trabalho conjunto com a ANVISA para a construção e constante revisão de um ambiente regulatório que atenda às necessidades da ANVISA e do setor regulado, além da democratização de informações sobre probióticos para o público em geral.
Também participamos dos grupos técnicos de discussão sobre uma definição regulatória para prebióticos, aprovações de extratos botânicos e, mais recentemente, o GT Ad Hoc de alegações, todos eles importantes para o portfólio de Health da IFF.
4. Como você enxerga a colaboração entre a ABIAD e a IFF e qual é o papel dessa parceria na conquista de objetivos estratégicos no setor?
O trabalho com associações da indústria e governos é essencial para identificar e esclarecer dúvidas, aprofundar e difundir conhecimento, e contribuir para o avanço de novas tecnologias. Ao redor do mundo, trabalhamos em conjunto com parceiros alinhados aos nossos valores éticos para contribuir para o avanço responsável da indústria.
No Brasil, a revisão do marco regulatório de suplementos, com uma cooperação ativa entre o setor regulado e a Agência Reguladora, trouxe modernização ao mercado, permitindo aos consumidores acesso a produtos anteriormente não permitidos nesta categoria.
No entanto, o desafio continua, pois, a ciência avança em uma velocidade que nem sempre é acompanhada pelas regulamentações. Isso exige um trabalho constante junto aos órgãos governamentais, fornecendo informações, capacitações e discussões que são muito ricas para todos os envolvidos. Na prática, temos um objetivo comum: permitir que a população tenha acesso a produtos inovadores que sejam seguros, eficazes e cujos benefícios possam ser comunicados de maneira que os consumidores saibam o que esperar do consumo desses produtos.
5. Fora do ambiente profissional, quais são os livros, podcasts ou hobbies que mais influenciam a sua maneira de pensar e liderar no dia a dia?
Durante a quarentena da pandemia, descobri os audiobooks enquanto fazia as longas caminhadas ao ar livre, e ainda tenho o costume de fazer. Começar meu dia dessa forma, ouvindo e aprendendo por meio de pessoas inspiradoras, agrega muito valor ao meu dia a dia liderando os negócios para crescer na América Latina.
Alguns exemplos de livros que recentemente li ou ouvi que agregaram à minha forma de pensar e, consequentemente, liderar, são: ‘Quiet Leadership’, de David Rock, que fala do apoio do líder ao liderado para que ele pense em como solucionar, sem dar a solução; ‘Be More Pirate’, de Sam Connif Allende, que fala da capacidade de inovar e se arriscar a fazer coisas diferentes; e ‘O Poder do Hábito’, de Charles Duhigg, que fala do poder de criar o hábito do que queremos fazer.
Há diversos outros, e tem muita coisa interessante que as pessoas podem nos ensinar, não apenas nos livros, mas também nas conversas. Gosto muito de perguntar aos mais jovens que trabalham conosco, ou nas entrevistas, como somos vistos e o que podemos fazer diferente. Ter a visão dos outros e de diferentes pontos de vista nos ajuda a crescer, e com vontade de fazer o bem, podemos falar de qualquer coisa.