Os suplementos alimentares caíram na graça dos brasileiros. De acordo com uma pesquisa feita pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Para Fins Especiais e Congêneres (Abiad), em 2015, esses produtos já estão presentes em 54% dos lares do país. Os motivos para o consumo são diversos. Os principais fatores motivantes são a saúde, a prática de exercícios físicos e a estética.
Os nutrientes são totalmente regularizados no Brasil. Recentemente, ganharam novas regras para comercialização no país. Como não eram classificados nem como medicamentos, nem como alimentos, precisaram de uma nova classificação. Para alcançar esse objetivo, foram realizadas audiências públicas organizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para se chegar a uma redação final do documento.
Se bem administrados, os suplementos alimentares não oferecem riscos ao organismo. Eles podem potencializar os treinos e proporcionar maior qualidade de vida para aqueles que possuem deficiências nutricionais. O que preocupa especialistas, médicos e nutricionistas, no entanto, é a falta de critério quanto ao consumo desses produtos. Em vez de serem usados como forma de complementar uma alimentação balanceada, são substituídos por cápsulas concentradas de nutrientes, como whey protein, BCAA e creatina. E é nesse campo que mora o maior problema.
Além disso, alguns produtos possuem componentes capazes de desregular o organismo de pessoas específicas. Os termogênicos, por exemplo, muito utilizados para a perda de peso, normalmente contêm hormônios para controlar a tireoide. Quem já faz uso de remédios para essa finalidade, por sua vez, não pode consumir esses suplementos, porque eles podem desregular a produção natural do corpo.
As pessoas devem ler os rótulos com atenção e procurar um nutricionista antes de fazer o uso de quaisquer produtos no mercado, principalmente se já fazem uso de algum remédio ou possuem problemas de saúde. Um dos principais riscos da autossuplementação é o desconhecimento sobre os mecanismos do consumo de algum nutriente. Cada corpo possui uma dose recomendada, de acordo com hábitos, estilo de vida e atividades realizadas.
Alguns suplementos atuam como psicoestimulantes e na liberação de hormônios. Prometem, assim, maior rendimento durante os exercícios. O uso, no entanto, exige cautela. Como atuam diretamente no sistema nervoso central, apesar de provocarem resultados mais imediatos, podem representar um grande risco para o organismo.
Os psicoestimulantes podem desregular funções do organismo e causar até taquicardia, por atuarem diretamente nos sistemas de controle. A liberação de hormônios, por sua vez, pode desregular a produção natural do corpo, já que o próprio organismo possui um sistema inteligente para deixar os níveis hormonais estabilizados. “Se a pessoa ingere doses de um determinado hormônio, essa quantidade é somada à que já é produzida. O organismo, então, entende que há uma desregulação no processo natural e tenta equilibrar, produzindo mais hormônios contrários para balancear”, explica Bruno Gualano, coordenador adjunto do Laboratório de Nutrição e Metabolismo da Escola de Educação Física da USP, em entrevista para o Portal Drauzio Varella.
Uma consequência frequente em homens é o aparecimento de características femininas, como aumento das mamas. Também pode haver redução dos testículos e até impotência sexual e infertilidade. No caso das mulheres, é comum ocorrer queda de cabelo, aumento do clitóris e físico masculinizado.
Os suplementos alimentares à base de proteína e carboidrato não oferecem risco à saúde e são recomendados para complementar a alimentação, sobretudo na ausência de nutrientes essenciais, situação frequente para quem pratica muita atividade física. O principal, nesses casos, é ter uma alimentação adequada. Se o indivíduo fizer uso de algum nutriente abundante na sua dieta, poderá ter um acúmulo desnecessário desse nutriente no organismo, por exemplo.
No dia 27 de julho de 2018, foi publicado o novo marco regulatório dos produtos considerados suplementos alimentares. A norma visa combater a falta de clareza e transparência na veiculação de alegações sem comprovação científica, modernizar o setor e diminuir os obstáculos para a comercialização e industrialização desses produtos. Os destinados a suplementar a alimentação de pessoas saudáveis com nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos deverão ser enquadrados como suplementos alimentares e atender a regras específicas de composição e de rotulagem.
O novo marco legal é formado por seis normas. Para classificar os suplementos, a Anvisa criou listas que contemplam 383 ingredientes fontes de nutrientes, substâncias bioativas ou enzimas, 249 aditivos alimentares e 70 coadjuvantes de tecnologia. A agência também definiu limites mínimos e máximos para as quantidades de nutrientes, substâncias bioativas e enzimas para diferentes grupos populacionais.
Outra inovação importante foi a definição das alegações científicas que os fabricantes podem exibir nos rótulos. Ao todo, a Anvisa autorizou 189 benefícios à saúde. Os produtos que já estão no mercado têm cinco anos para se adequar. Os novos, por sua vez, precisam estar em conformidade com as normas imediatamente. Com essas regras, o consumidor também tem mais segurança para adquirir os produtos, depois de passar por uma avaliação nutricional.
Assessoria de Comunicação