Em entrevista, Renata Delavy destaca a riqueza nutricional do leite materno e seu papel fundamental na alimentação infantil  - Abiad

Em entrevista, Renata Delavy destaca a riqueza nutricional do leite materno e seu papel fundamental na alimentação infantil 

14 de abril de 2023

1. Como o setor de alimentos para fins especiais pode contribuir para atender às necessidades nutricionais específicas de bebês e crianças? 

A infância é uma fase de importante crescimento e desenvolvimento. Durante o primeiro ano de vida, por exemplo, o bebê triplica seu peso e cresce cerca de 25 cm. Por esse motivo, bebês e crianças possuem necessidades nutricionais bastante específicas que, se não atendidas adequadamente, podem trazer sérios impactos para a saúde futura. 

E para atender as necessidades nutricionais específicas de bebês, o leite materno é o melhor alimento! Desde o nascimento até os 6 meses de idade da criança, ele provê todos os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento, não havendo necessidade de nenhum outro tipo de complementação.  

Após os 6 meses de idade, o leite materno passa a desempenhar um importante e complementar papel como principal elemento líquido da dieta da criança, associado ao início da introdução de alimentos sólidos e adequados, momento no qual os hábitos alimentares começam a se desenvolver. 

Nesse contexto, o setor de alimentos para fins especiais desempenha um papel de grande responsabilidade porque desenvolve produtos seguros e nutricionalmente adequados para esse público. Seja como fonte de nutrição para bebês e crianças que, por algum motivo, não podem ser amamentadas ou que possuem alguma necessidade dietoterápica específica (como intolerâncias e alergias alimentares), ou mesmo disponibilizando produtos adequados que contribuam com o processo de introdução alimentar.  

2. Quais são os nutrientes mais importantes e que devem estar presentes nestes alimentos (de fins especiais) para apoiar um desenvolvimento adequadamente saudável? 

Em geral, nutrientes como ferro e zinco, que contribuem para a imunidade, e cálcio e vitamina D, que auxiliam na formação óssea. Além desses, vale mencionar também os oligossacarídeos como HMOs, que possuem importante papel na microbiota e imunidade, além de gorduras como DHA/ARA, que atuam no desenvolvimento cerebral durante os primeiros anos de vida da criança.  

Ainda, é importante lembrar que, para o desenvolvimento de alimentos infantis, em especial aqueles destinados às crianças menores de 1 ano de idade, o leite materno será sempre o “padrão ouro” de referência em composição. Ou seja, a formulação desses produtos deve levar em conta os nutrientes naturalmente presentes no leite materno e as suas concentrações.  

3. Iniciativas criadas em conjunto entre a indústria e os profissionais da saúde, como pediatras e nutricionistas, visam melhorar a nutrição infantil. Por que incentivar essa parceria é importante? 

Diversos estudos têm mostrado a importância de uma boa nutrição, mesmo antes da gestação, no período da pré-concepção, passando pela gestação, nascimento, e se estendendo até a idade pré-escolar. Esse período compreende a chamada “janela de oportunidades”, na qual os cuidados com a nutrição e estímulos adequados podem trazer impactos que irão se perpetuar por toda a vida adulta. 

Por isso, a atuação dos profissionais da saúde em todo esse período é fundamental para contribuir com a melhor nutrição e saúde das crianças e famílias. 

Sejam ginecologistas e obstetras, pediatras ou nutricionistas, cada vez mais o papel destes profissionais tem sido olhar com sensibilidade e cuidado para as famílias atendidas, respeitando diferentes hábitos e crenças, bem como trazendo todas as orientações necessárias e atualizadas. 

Nesse cenário, o setor de alimentos para fins especiais tem a responsabilidade de contribuir provendo aos profissionais de saúde informações embasadas sobre seus produtos, além de materiais técnico-científicos relacionados ao domínio da nutrição e da pediatria.  

4. Em contextos específicos de escassez de alimentos e acesso limitado aos nutrientes, o risco de crianças e bebês apresentarem quadros de desnutrição e outras doenças relacionadas à alimentação aumentam. Nesse caso, qual seria o papel social dos alimentos para fins especiais ao atender essas crianças em condição de vulnerabilidade?  

Como mencionado anteriormente, a infância engloba uma janela de oportunidades única, onde a nutrição desempenha um papel importante para contribuir com uma melhor saúde futura.  

Situações de vulnerabilidade, como a desnutrição, trazem efeitos negativos à saúde da criança, impactando seu crescimento e desenvolvimento. Isso não apenas no presente, mas também no futuro.  

Ao fornecer a nutrição adequada para bebês e crianças que estão em situação vulnerável, os alimentos para fins especiais desempenham um importante papel social, contribuindo para a melhoria da saúde das crianças e futuros adultos. 

5. É possível afirmar que a modernização e o aprimoramento das regulamentações e dos padrões de produção e distribuição de alimentos para fins especiais podem ajudar a melhorar a disponibilidade, a qualidade e o acesso a esses produtos em contextos de insegurança alimentar infantil? 

Certamente! Aqui no Brasil, os alimentos para fins especiais são regulados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que, cada vez mais, tem trabalhado na busca pela harmonização de regulamentos com outros países de referência, bem como atuado de forma conjunta com o setor de alimentos, em busca de ouvir as contribuições e impactos de eventuais mudanças de normas. 

Existem casos, por exemplo, onde alguns produtos para fins especiais estão disponíveis apenas em poucos países do mundo, por atenderem públicos muito específicos e com volumes muito pequenos. Ter regulamentos atualizados e harmonizados com diferentes países permite que estes produtos possam ser disponibilizados também no Brasil, garantindo, assim, a nutrição adequada das crianças que precisam desse tipo de alimento. 

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