Evolução da comunicação estratégica da ABIAD: um diálogo com Gisele Lorenzetti  - Abiad

Evolução da comunicação estratégica da ABIAD: um diálogo com Gisele Lorenzetti 

19 de fevereiro de 2024

1. Quando discutimos comunicação estratégica nos GTs, quais ações são prioritárias para antecipar e responder proativamente aos desafios e oportunidades em um setor volátil como o de alimentos?

Devemos indagar sobre a mensagem que desejamos transmitir: estamos defendendo uma causa específica, buscando influenciar políticas públicas ou promover maior compreensão de um determinado tema por um grupo de interesse? A definição da temática e dos objetivos precisa ser sempre o ponto de partida.

Após essa definição, é crucial compreender a profundidade das informações e do conteúdo que possuímos para validar nossos objetivos. Temos dados, estudos, comparativos? Possuímos conhecimento máximo sobre o assunto? A consistência e a coerência das informações são pertinentes, especialmente para uma entidade como a ABIAD.

Uma vez estabelecidos esses objetivos e compreendido o conteúdo disponível, o segundo passo é identificar para quem endereçaremos nossas mensagens e como faremos isso. Segmentar o público-alvo de forma precisa. Questionar se o que estamos comunicando é compreendido tecnicamente por grupos específicos, como profissionais de saúde, por exemplo.

Em síntese, é necessário questionar nossos objetivos, motivações e recursos disponíveis. Somente após esse processo é que podemos estruturar nossas ações de comunicação de maneira eficaz dentro do setor.

2. E qual seria a fase ou maturidade que a ABIAD se encontra do ponto de vista da comunicação estratégica?

A ABIAD demonstra uma evolução estratégica contínua. Ao compreender sua identidade e papel de forma clara, e promovendo a criação de valores específicos para cada GT, a organização fortalece tanto seu posicionamento quanto sua comunicação.

Esse olhar estratégico e evolutivo tem sido útil para o crescimento dos GTs, que cada vez mais se alinham em torno de objetivos comuns e contribuem para o avanço conjunto e ordenado das iniciativas da associação.

3. Na sua visão, é possível integrar a comunicação estratégica (RP) e o marketing para fortalecer os relacionamentos dos GTs com parceiros externos, como organizações, instituições governamentais e consumidores? Por quê?

Em uma associação, onde o trabalho é principalmente institucional, marketing e comunicação, não só andam juntos, como se misturam e se complementam de forma quase automática. Isso ocorre porque estamos constantemente trabalhando com causas junto a grupos de interesse.

Na ABIAD, não há uma área exclusiva de marketing, mas sim uma área de relacionamento. A comunicação e o marketing servem à associação para atrair mais associados e crescer, mas isso é feito sem uma abordagem de venda direta.

Em vez disso, é realizado mostrando a atuação, os serviços oferecidos, o reconhecimento da marca e contando com autoridades que validem a mensagem. Isso é comunicação, relacionamento e marketing. Tudo está interligado.

4. Fale sobre as estratégias que os GTs devem considerar ao desenvolver sua comunicação para garantir coerência com os objetivos da associação como um todo, dada a variedade de categorias de alimentos para fins especiais que abrangem.

A estratégia central reside em conhecer profundamente cada Grupo de Trabalho. Cada GT é único, não apenas em termos de temáticas, mas também em relação ao seu grau de maturidade, valores e até mesmo,os interlocutores que precisam ser abordados.

Nesse caso, é necessário analisar cada GT individualmente e compreender como a comunicação pode ajudar a resolver suas necessidades específicas.

Por exemplo, em grupos como o de edulcorantes, precisamos desmistificar desinformações e romper com dogmas estabelecidos. Isso requer uma abordagem objetiva, clara e informativa, bem como a busca por vozes para desafiar esses dogmas, em colaboração com profissionais de saúde.

Outra estratégia relevante é aplicar técnicas como mapas de influência para identificar os influenciadores e detratores, e encontrar defensores que possam mobilizar redes de apoio.

Com isso, quero reforçar a ideia de que a estratégia de comunicação deve estar intimamente ligada às dores específicas de cada grupo, identificando os dados necessários para neutralizá-las e delineando como essas informações serão comunicadas.

5. De que forma a ABIAD trabalha números e métricas a favor dos propósitos dela e passa isso para os GTs?

Nós temos trabalhado com mapeamentos em alguns GTs, iniciando com um levantamento inicial de dados em plataformas.

Em seguida, estabelecemos contato e medimos o engajamento das pessoas para avaliar seu nível de defesa e disseminação da mensagem, incluindo compartilhamento e interações. É importante ressaltar que, atualmente, não se pode fazer comunicação sem dados.

6. Por fim, cite um exemplo de sucesso na comunicação da ABIAD, que tenha contribuído para aumentar a visibilidade e o reconhecimento dos trabalhos realizados pelos GTs perante o público externo e stakeholders.

Sem dúvidas, um dos projetos mais impactantes foi o relacionado aos edulcorantes. A partir dessa iniciativa, começamos a implementar metodologias de plataforma para criar temas e ações, entender os influenciadores e coletar dados para análise.

O trabalho, aos poucos, se tornou uma referência para outros GTs e, ousaria dizer, mudou o patamar da comunicação da ABIAD e da entidade como um todo. Tratou-se de um material abrangente, integrando comunicação institucional, estratégica e marketing, num guarda-chuva que abarcava diversas ações.

O projeto foi marcante, pois foi o primeiro em que adotamos a visão de desmistificar as desinformações acerca dos edulcorantes. Realizamos uma investigação minuciosa, identificamos defensores e amplificamos suas vozes, como no caso da Dra. Ana Escobar, que defende o uso adequado de adoçantes. Ouvimos atentamente o que as pessoas tinham a dizer.

Na segunda edição da campanha, fizemos adaptações, expandindo e agregando novas ações, mas mantendo sempre o fundo estratégico.

Para 2024, continuamos nosso trabalho, explorando as oportunidades e pontos fortes de cada GT dentro da ABIAD, provocando reflexões e fazendo perguntas relevantes. Agora, pretendemos trabalhar com cada grupo individualmente para desenvolver a comunicação de acordo com suas necessidades específicas.

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