1. Kathia, no Dia do Nutricionista, como você avalia a importância desse profissional na promoção da saúde óssea, especialmente para mulheres e idosos?
A atuação do profissional nutricionista nas questões ligadas à saúde vem tomando vulto, ou melhor, vem ocupando um espaço importante quando se pensa na melhoria das condições de saúde em qualquer idade, o que inclui, tanto a prevenção, quanto o tratamento de determinadas doenças.
Pode-se imaginar como esse caminho é longo, pois os cuidados em relação a orientações corretas, atualizadas e despidas de ideias preconcebidas precisam ser bem trabalhados pelo profissional, lembrando que esses cuidados devem se iniciar com a atenção à saúde materna, pois, ao atuar nos problemas nutricionais desde a infância, melhora-se a perspectiva de prevenção de doenças no adulto.
Obviamente, na prática, isso tudo é muito complexo e, por essa razão, é essencial ter o conhecimento atualizado e o reconhecimento da necessidade de atuação junto a uma equipe multiprofissional, sempre que possível.
Assim, ao abordarmos o tema da promoção da saúde óssea, precisamos ter um conhecimento aprofundado de toda essa cadeia, pois são muitos os fatores que influenciam a saúde óssea, sejam mulheres, homens, idosos ou não.
2. Por que a alimentação é tão importante na prevenção da osteoporose e sarcopenia?
Como já sabemos, de modo geral, o envelhecimento se acentua a partir dos 60 anos de idade. Quando o assunto é saúde óssea, constatamos uma redução da densidade mineral dos ossos, perda de massa muscular e diminuição da força muscular, fatores que aumentam o risco de osteoporose e de sarcopenia, que é a perda progressiva da massa muscular.
É importante destacar que, para envelhecer com saúde, é necessário que o indivíduo preserve suas capacidades funcionais. Isso requer o desenvolvimento e a manutenção de bons hábitos, como a prática de exercícios físicos e uma boa alimentação, fatores que favorecem a manutenção da mobilidade, da capacidade de aprender e tomar decisões, de trabalhar e de se relacionar adequadamente, evitando o isolamento.
No quesito alimentação, de forma geral, recomenda-se uma dieta de baixa densidade energética e alta densidade de nutrientes e substâncias bioativas, com destaque para um consumo adequado de proteínas, nutriente fundamental para auxiliar na manutenção da massa muscular.
Tem sido demonstrado, ainda, que o aumento do consumo proteico aliado a um aumento da atividade física atua de forma mais positiva. No entanto, a prática de exercícios físicos deve ser individualizada, a fim de considerar as comorbidades existentes.
A ingestão de alimentos fontes de cálcio deve ser sempre estimulada, lembrando que a suplementação pode ser recomendada.
Deve-se levar em conta também o consumo adequado de líquidos e a avaliação da necessidade de suplementação de algumas vitaminas e minerais, cuja prevalência de inadequação para os idosos é alta, segundo dados do Inquérito Nacional de Alimentação. Foram identificadas inadequações, com grande destaque para o papel da vitamina D nesse processo, além de inadequações para as vitaminas A, E, B6 (piridoxina) e para os minerais cálcio e magnésio.
3. Com base na sua opinião profissional, quais seriam as consequências de uma saúde óssea negligenciada em mulheres e idosos?
Sabendo que a osteoporose aumenta o risco de fraturas e que a perda de massa muscular favorece, inclusive, o risco de quedas, fator que também pode contribuir para fraturas, fica claro o custo social envolvido.
No entanto, o caminho é complexo, e todas as ações que envolvem não apenas os profissionais que atuam na linha de frente, como médicos, nutricionistas, fisioterapeutas e educadores físicos, precisam contar com toda a infraestrutura, incluindo a ambiental, e com o incentivo dos órgãos governamentais na busca de soluções compartilhadas.
4. Para encerrar nossa conversa, há possibilidade de que a alimentação isolada, sem a combinação com outros hábitos de vida saudáveis, seja menos eficaz?
Lembro que, anos atrás, ainda aprendendo sobre saúde pública, o quadro de envelhecimento da população brasileira já se desenhava claramente. Obviamente, ao longo de cerca de 30 anos, muitos avanços foram feitos na área de geriatria e gerontologia. Excelentes profissionais passaram a se dedicar a esse público; porém, na minha percepção, faltaram ações compartilhadas e programas governamentais realmente efetivos.