Após 20 anos de negociações, documento visa fim das tarifas de importação para mais de 90% dos produtos comercializados entre os dois blocos
Um momento histórico marcou o fim do primeiro semestre de 2019. Mercosul e União Europeia (UE), após 20 anos de negociações, fecharam o acordo de livre comércio, formando um dos maiores blocos do planeta. As discussões tiveram um hiato de dez anos, sendo retomadas em 2014. O acordo foi assinado no dia 28 de junho, em Bruxelas (Bélgica), capital da União Europeia. Juntos, Mercosul e UE representam 25% da economia mundial, com cerca de 780 milhões de potenciais consumidores.
O acordo de livre comércio eliminará as tarifas de importação para mais de 90% produtos comercializados. Os que não terão tarifas eliminadas, contarão com a redução, variando conforme cada tipo de produto. Segundo o planejamento e estimativa do Ministério da Economia do Brasil, o pacto deve representar um significativo aumento do Produto Interno Bruto (PIB) em 15 anos (prazo final para implantação das novas regras), somando US$ 87,5 bilhões.
O tratado reflete a crise do sistema multilateral de comércio e sua conclusão revigora a imagem do Mercosul, reforçando a posição do Brasil como parte relevante do comércio global. Para o setor industrial brasileiro, o acordo é de grande valia. Com as novas taxas, mais baixas ou nulas, o processo de exportação de produtos será não só mais lucrativo, como vai aquecer o mercado nacional, tornando-o mais competitivo.
A UE é hoje o segundo maior parceiro comercial do Brasil, perdendo apenas para a China. No Mercosul, a produção de produtos como carnes, soja, café, bebidas e tabaco são as de maior interesse do bloco europeu no setor de alimentos. Na contramão, os países europeus vendem principalmente maquinário, veículos automotivos, produtos farmacêuticos e químicos e equipamentos de transporte ao Mercosul. Na parte agrícola, o acerto deve reduzir barreiras no mercado europeu de produtos importantes para o Brasil, como suco de laranja, frutas e café solúvel.