Atenção aos adoçantes: Indicações, riscos e sua utilização na indústria. - Abiad

Atenção aos adoçantes: Indicações, riscos e sua utilização na indústria.

29 de agosto de 2017

Os adoçantes conhecidos na indústria como edulcorantes são aditivos alimentares que possuem alto poder de adoçar, normalmente utilizados para substituir parcial ou totalmente o açúcar presente em alimentos industrializados.

Inicialmente, seu uso era destinado à produção de alimentos ou bebidas diet indicados para diabéticos, que precisam retirar ou controlar o consumo de açúcar da dieta, e, também, indicado para o tratamento da obesidade.

Contudo, com a utilização massiva de edulcorantes pela indústria em diversos alimentos e bebidas nas suas versões light, diet e zero, hoje em dia é muito fácil encontrar pessoas sadias utilizando esses produtos. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD) cerca de 35% da população em geral consomem algum tipo de produto dietético, sendo o campeão de consumo o refrigerante zero.

Desta forma, para que os adoçantes não tragam risco à saúde é preciso conhecer os seus limites de consumo diário recomendados e não os ultrapassar. Esses limites são estabelecidos através de muitos estudos científicos que comprovem a inexistência de efeitos adversos decorrentes do consumo de cada adoçante. A liberação de seu uso é feita pelo JECFA (comitê conjunto de peritos em aditivos alimentares da OMS e FAO) que avaliam os estudos e estabelecem a IDA (ingestão diária aceitável) de cada edulcorante, expressa em miligrama por quilo de peso corpóreo (mg/kg p. c.). No Brasil, a legislação sobre os aditivos alimentares segue os critérios adotados pelo JECFA, tanto para a liberação de um adoçante, quanto para a definição de limites de quantidade utilizados em alimentos e bebidas (RDC nº 18, de 24 de março de 2008).

Porém, a informação que o consumidor tem sobre a quantidade de adoçantes que consome é falha. Apenas as bebidas, que são regulamentadas pelo Ministério de agricultura, pecuária e abastecimento (MAPA), são obrigadas a informar nos rótulos a quantidade de edulcorante utilizado em 100 ml ou 100 mg do produto fabricado (Lei nº 8.918/94 e Decreto nº 2.314/97), já os alimentos (chocolates, gelatinas, barras de cereal, adoçantes de mesa) regulados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) não possuem essa obrigatoriedade, dificultando muito para o consumidor avaliar sua ingestão diária, correndo o risco de ultrapassar a IDA.

Exemplo de cálculo da IDA:

A IDA do ciclamato é de 11mg por quilo de peso corpóreo, uma criança pesando 30 kg poderá consumir no máximo 330 mg de ciclamato por dia, e uma mulher pesando 50kg, 550mg. Consumindo 1 latinha de refrigerante zero, com 69,7 mg de ciclamato a cada 100ml de produto, a criança já atingiria 74% de sua ingestão máxima e a mulher já supriria 45% do seu consumo máximo, considerando apenas um único produto.

 

Em vista disso, mudanças na legislação brasileira sobre a rotulagem de alimentos são necessárias e alguns cuidados com a alimentação são aconselháveis:

  • Aprecie o sabor natural dos alimentos, reduza o consumo de açúcar e adoçantes;
  • Diminua o consumo de alimentos industrializados;
  • Quando necessário, leia os rótulos dos alimentos e prefira as marcas que informem as quantidades de edulcorantes utilizadas na fabricação de seus produtos;
  • Diversifique os tipos de edulcorantes utilizados evitando excessos e respeitando a IDA sem ultrapassá-la;
  • IMPORTANTE: Verifique se os adoçantes que utiliza são recomendados para a sua condição de saúde (fenilcetonúria, hipertensão, diabetes). Durante a gestação, consulte sempre seu médico quanto à utilização de edulcorantes.

Para ajudar nas suas escolhas, abaixo segue a tabela com as características e as IDAs dos edulcorantes aprovados pela ANVISA:

 

Tabela 1. Características dos edulcorantes aprovados pela ANVISA e sua IDA

Nome Tipo Características Sabor Poder Adoçante Caloria (kcal/g) IDA      (mg/kg p.c.)
Acessulfame K Artificial, derivado de ácido acético. Estável em altas temperaturas, é muito utilizado em bebidas, chocolates, geleias, produtos lácteos, gomas de mascar e panificação. Sem sabor residual, tem doçura de fácil percepção. 200 vezes maior que a sacarose (açúcar) Zero 15
Aspartame Artificial, combinação dos aminoácidos fenilalanina e ácido aspártico. Não pode ir ao fogo porque perde o poder de adoçar. Boa dissolução em líquidos quentes. Não pode ser consumido por pessoas com fenilcetonúria. É o mais parecido com o açúcar. 220 vezes maior que a sacarose (açúcar) 4 40
Ciclamato Artificial, derivado do petróleo. Pode ir ao fogo, deve ser consumido com moderação pelos hipertensos pois contém sódio (ciclamato de sódio). Possui sabor residual acre-doce 40 vezes maior que o açúcar Zero 11
Frutose Natural, encontrado nas frutas e mel. Não deve ir ao fogo porque derrete, porém, mantém o poder de adoçar. Carameliza junto com outros adoçantes e pode dar corpo às receitas. Sabor semelhante ao açúcar, porém um pouco mais doce 170 vezes maior que o açúcar 4 Não estabelecida
Lactose Natural, extraído do leite. É utilizado para reduzir a potencialização de outros adoçantes. Parecido com o Açúcar, porém um pouco mais doce 0,15 vezes maior que o açúcar 4 Não estabelecida
Maltodextrina Natural, extraído do milho. Não adoça quando vai ao fogo. Misturado a outros adoçantes dá corpo à receita Parecido com o Açúcar, porém um pouco mais doce 1,5 vez maior que o açúcar 4 kcal/g Não estabelecida
Manitol Natural, encontrado em frutas e algas marinhas. Estável em altas temperaturas. Uso somente industrial, geralmente associado ao sorbitol em bebidas, biscoitos, balas e chocolates. Pode ter efeito laxativo. Sabor levemente refrescante 0,45 vezes menor que o açúcar 2,4 Não estabelecida
Neotame Artificial, derivado do aspartame. Pode ir ao fogo. Não possui sabor residual. 7.000 a 13.000 vezes maior que o açúcar 2
Sacarina Artificial, derivado do petróleo. Pode ir ao fogo. Deixa gosto residual doce metálico 300 vezes maior que o açúcar Zero 5
Sorbitol Natural, extraído das frutas. Não adoça quando vai ao fogo. É misturado a outros adoçantes, confere brilho e viscosidade a certas receitas, pode ter efeito laxativo. Sabor levemente refrescante, parecido com o açúcar. 0,5 vezes menor que o açúcar 4 Não estabelecida
Stévia Natural, extraído da planta Stevia Rebaudiana. Pode ir ao fogo e realça o sabor dos alimentos. Sabor residual semelhante ao do alcaçuz 300 vezes maior que o açúcar Zero 4
Sucralose Artificial, derivado da cana de açúcar. Estável em altas temperaturas, utilizado em diversos tipos de alimentos. Parecido com açúcar, não deixa gosto residual 600 a 800 vezes maior que o açúcar Zero 15
Xilitol Natural, extraído da xilose. É utilizado por indústrias na fabricação de produtos dietéticos e de goma de mascar, pode ter efeito laxativo. Sabor levemente refrescante, parecido com o açúcar. Mesma capacidade adoçante que o açúcar 4 Não estabelecida

 

Referências:

American Dietetic Association. Position of the American Dietetic Association: use of nutritive and nonnutritive sweeteners. J Am Diet Assoc. 2004;104(2):255-75.

 

ABIAD, Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Dietéticos e para Fins Especiais. Adoçantes. Acesso em: 23/12/2016. Disponível em:

http://www.alimentosprocessados.com.br/arquivos/Ingredientes-e-aditivos/Adocantes-ABIAD.pdf

 

ABIAD, Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos Dietéticos, para Fins Especiais. O mercado diet e light. Outubro/2004. Acesso: 23/12/2016. Disponível em:

https://www.abiad.org.br

 

Evaluations of the Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives (JECFA). Acesso em: 29/12/2016. Disponível em:

http://apps.who.int/food-additives-contaminants-jecfa-database/search.aspx?fc=66

 

JECFA – Monographs & Evaluations. Acesso em: 29/12/2016. Disponível em:

http://www.inchem.org/pages/jecfa.html

 

Revista do IDEC – De olho dos adoçantes. Abril 2015. Acesso em: 23/12/2016. Disponível em:

http://www.idec.org.br/uploads/revistas_materias/pdfs/197-edulcorantes1.pdf

Fonte: Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios

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