As vitaminas C e D são essenciais para o sistema imunológico, prevenindo o envelhecimento e algumas doenças. porém grande parte da população sofre de carência dessas substâncias. Para isso, diferentes formas de suplementação estão disponíveis nas farmácias
Se fosse possível fazer uma receita de um corpo perfeitamente saudável, seriam necessários inúmeros ingredientes. Encontradas principalmente nos alimentos, mas também em outros locais, como no sol, as vitaminas seriam o elemento principal.
Com nomenclaturas específicas, elas são substâncias que o corpo não consegue produzir sozinho – por isso dependem de fatores externos – e desempenham funções no desenvolvimento e metabolismo do organismo.
A mais conhecida – e uma das mais presentes nas prateleiras da farmácia – é a vitamina C, importante para o sistema imunológico e para evitar o envelhecimento. Não menos importate, mas menos conhecida, há a vitamina D, a famosa vitamina do sol.
Descoberta em 1932 pelo cientista e bioquímico húngaro Albert Szent-Gyöygy, a vitamina C é uma vitamina hidrossolúvel e termolábil. Não pode ser sintetizada pelos seres humanos, sendo obtida apenas pela alimentação ou suplementação.
Ela é indispensável para o organismo. “Suas funções são antioxidantes, ou seja, auxiliam no combate aos radicais livres; na síntese de catecolaminas [(são solúveis em água e entre elas estão incluídas a epinefrina (adrenalina), a norepinefrina (noradrenalina), e a dopamina, que são produzidas a partir de fenilalanina e tirosina)]; previnem o escorbuto (doença desencadeada pela carência de vitamina C no organismo. Seus sintomas são sangramento e inflamação gengival com consequente perda dos dentes, inflamação e dor nas articulações, queda de cabelos, entre outros); fortalecem o sistema imunológico, prevenindo infecções; são fundamentais na preservação das paredes dos vasos sanguíneos e é essenciais para a formação de colágeno”, diz a nutricionista do Grupo São Cristóvão Saúde, Cintya Bassi.
Apesar de tão importante, muita gente tem deficiência da vitamina, causada principalmente pela alimentação inadequada. Não é difícil encontrá-la nas refeições do dia a dia, já que está presente principalmente em frutas e hortaliças como acerola, limão, kiwi, morango, laranja, pimentão e brócolis. O problema pode ocorrer, também, quando há algum fator que impeça sua absorção, mesmo com uma dieta equilibrada.
A coordenadora de nutrição do Hospital Santa Catarina, Regina Stikan Carrijo, cita ainda outros motivos que podem causar a deficiência de vitaminas: tabagismo, medicamentos, obesidade e alterações metabólicas.
A vitamina D regula a absorção e a excreção de cálcio, sobretudo quando sua obtenção é baixa. Ela atua aumentando a absorção de cálcio no intestino e diminuindo a sua excreção pela urina.
“A vitamina D é uma vitamina lipossolúvel que pode ser adquirida através da alimentação, mas principalmente através da exposição da pele aos raios ultravioleta (UV). Sua principal função é manter a estabilidade do cálcio. Sem a vitamina, apenas uma parte pequena do cálcio seria absorvida. Além disso, é importante para a absorção do fósforo, para a saúde óssea e dos dentes, além de auxiliar o fortalecimento dos sistemas imunológico e cardiovascular”, explica Cintya.
Ela não é importante somente para a saúde óssea em crianças e adultos, mas também traz outros benefícios à saúde, incluindo a redução do risco de doenças crônicas, como as cardiovasculares, câncer e doenças autoimunes.
Segundo a gerente médica do Aché Laboratórios, Dra. Ive Franca, na gestação, a suplementação com vitamina D pode reduzir o risco de parto prematuro (nascimento do bebê antes da 37ª semana de gestação) e de o bebê nascer com menos de 2,5 kg. É possível que ela atue também na redução do risco de as gestantes terem pressão alta.
Fabricada na pele e sob a exposição solar, a vitamina D é posteriormente ativada em duas etapas: a primeira no fígado e a última nos rins. “Apenas essa forma ativada nos rins exerce função biológica. A vitamina D ativa estimula a absorção de cálcio no intestino e isto é essencial para manter níveis normais do mineral no sangue e também para a mineralização do osso”, frisa o ginecologista e coordenador científico de Ginecologia da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), Dr. Luciano de Melo Pompei.
A vitamina D, em sua maior parte, ocorre por produção endógena e aproximadamente 20% por alimentação. Porém, explica a Dra. Regina, como a sua ativação necessita de exposição ao sol e grande parte das pessoas trabalha em ambientes fechados, não é raro encontrar níveis de vitamina D insuficientes na população.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) incentiva a exposição direta de áreas cobertas, como pernas, costas, barriga ou palmas das mãos e plantas dos pés, por cinco a dez minutos todos os dias, a fim de sintetizar a vitamina D sem sobrecarregar as áreas cronicamente expostas ao sol.
Por outro lado, expor o corpo à radiação solar pode trazer malefícios, como o desenvolvimento do câncer de pele, queimaduras solares, catarata, degeneração da retina, manchas, alterações na espessura e enrugamento da pele.
“O uso de fotoprotetores previne esses e outros efeitos danosos da radiação ultravioleta (UV) e, por esse motivo, é recomendado pela SBD. Mesmo filtros solares fracos [Fator de Proteção Solar (FPS) 8] bloqueiam em 95% a capacidade do seu corpo de gerar vitamina D. É por isso que o uso constante de protetores solares provoca deficiência crítica da substância”, diz a Dra. Ive.
Na vida adulta, o principal problema oriundo da falta de vitamina D é a osteoporose. A vitamina é importante para a saúde da mulher em diversas fases da vida, mas especialmente no período pós-menopausa, pois embora a osteoporose afete ambos os sexos, elas são as que mais sofrem um declínio substancial de massa óssea e mudanças na arquitetura óssea.
A vitamina D produzida em laboratório pode ser apresentada de três maneiras: líquida, cápsula ou comprimido. A líquida possui absorção mais rápida, ou seja, terá efeito em menor tempo, se comparada aos suplementos sólidos. É preciso consumir acima de 30 nanogramas por mililitro para não caracterizar deficiência.
Já a vitamina C é encontrada em cápsulas, gomas mastigáveis ou efervescentes. É importante atentar-se porque ela pode vir com uma concentração de açúcar, por isso é preciso atenção na escolha da vitamina para pessoas diabéticas. A recomendação varia de 75 mg a 90 mg para adultos homens e, para as mulheres, de 60 mg a 75 mg.
Fontes: nutricionista da RTM Nutrition, Rafael Prado; e diretor comercial e de marketing da Althaia/Equaliv, Ricardo Ferrari
As vitaminas C e D não estão ligadas diretamente, mas se associam no fortalecimento do sistema imunológico. De acordo com a nutricionista do Grupo São Cristóvão Saúde, a vitamina D age principalmente na diferenciação e ativação dos linfócitos e no aumento do número de células T, que são as células de defesa. Além disso, sua deficiência tem sido associada a um aumento na incidência de doenças autoimunes.
“Já a vitamina C é encontrada em alta concentração nas células imunes, que são protegidas pela sua atividade antioxidante, que evita danos causados pelos radicais livres. Ela também auxilia a produção de fagócitos e citocinas e a proliferação de linfócitos T”, comenta ela.
Além disso, alguns estudos tentam provar que a vitamina C pode prevenir alguns cânceres, assim como a vitamina D poderia ajudar a prevenir o câncer de colo do útero. Esse é mais um caso, segundo a nutróloga da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Maria de Lourdes.
Seja pela alimentação não balanceada ou pela falta de exposição solar, existem pacientes que precisam de suplementação vitamínica para voltar a ter níveis saudáveis de uma das substâncias.
Os suplementos são cada vez mais indicados, sendo que cerca de um terço dos adultos toma algum tipo de vitamina e metade dos idosos também. Segundo uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Dietéticos (Abiad) em sete capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belém, Brasília, Fortaleza e Porto Alegre), em 54% dos lares alguém da família consome algum tipo de vitamina ou suplemento alimentar.
Além disso, os suplementos mais consumidos no País são os multivitamínicos, seguidos dos ácidos graxos (especialmente o ômega-3), minerais (principalmente o cálcio) e vitaminas específicas (sendo a vitamina C a campeã).
Entre aqueles que possuem a indicação de suplementação, há uma grande gama de produtos na farmácia e cabe ao atendente ajudar na escolha correta. A vitamina C, por exemplo, pode ser encontrada na forma de cápsulas, gomas de mascar e efervescentes.
Já a vitamina D pode ser encontrada de três diferentes maneiras: líquida, cápsulas ou comprimido, sendo que a apresentação líquida possui efeito em tempo menor, se comparada aos suplementos sólidos.
Foto: Shutterstock
Fonte: Guia da Farmácia