Em ano de eleições e Copa do Mundo, a forma de criar e executar o plano estratégico pode não apenas guiar, mas definir – positiva ou negativamente – quais pontos terão mais impacto nos resultados das associações
Iniciar uma agenda de ações bem estruturada é essencial para que as organizações, sejam empresas ou associações, alcancem a maior parte dos objetivos propostos para o período. Mas é necessário executar um planejamento prévio assertivo para que as atividades não sejam negligenciadas diantes das demandas do dia a dia. Segundo o estudo The Art of Planning, do The Boston Consulting Group (BCG), alguns princípios precisam ser observados para um planejamento eficiente, como tornar prioridade a definição de objetivos do grau mais alto para o mais baixo (top-down), aplicar diferentes níveis de detalhe a cada estágio do plano e conduzir um cenário de planejamento adaptável e flexível.
Tais princípios, porém, precisam auxiliar na hora de traçar um propósito claro para a entidade. “É preciso refletir sobre quais resultados sociais, econômicos e ambientais atingir e como engajar os associados para a conquista destes resultados”, ressalta Edmundo Lima, diretor executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), fundada em 1999 e que representa as principais redes de varejo de vestuário, calçados, bolsas, acessórios e artigos têxteis para o lar.
Segundo Lima, uma questão fundamental é a clareza dos desafios operacionais e de processos, assim como definir qual a cultura será estimulada entre os membros. “Nosso planejamento estratégico para 2018 está sendo feito para orientar a direção da entidade, com foco no desenvolvimento da cadeia fornecedora dos varejistas de moda, assim como consolidar a entidade como interlocutora do varejo de moda junto ao governo, fornecedores, entidades de classe e consumidores”, afirma o diretor executivo da ABVTEX.
Realizar reuniões com as diferentes diretorias para sugestão de pautas e temas que serão desenvolvidos foi um dos caminhos que nortearam a atuação da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) na estruturação do planejamento anual. Os temas definidos, coletados durante todo o ano anterior graças ao contato próximo a associados (por meio de enquetes na Internet e em eventos), basearam a criação de um cronograma de ações factível.
Maurício Salvador, presidente da ABComm, avalia que, por conta das eleições, da Copa do Mundo e de possíveis flutuações na economia do país em 2018 (fatores que influenciam diretamente o e-commerce), novas legislações específicas serão estipuladas para o setor — e é preciso monitorar cada vez mais os seus impactos. “Além do detalhamento do cronograma, criamos um plano financeiro e uma matriz de responsabilidade referente às pessoas e departamentos que colocariam as ações propostas em prática. Isso resulta em uma execução de boa parte do que foi planejado, dentro das metas estabelecidas”, comenta Salvador.
O impacto de um planejamento bem executado nas ações empreendidas foi o que garantiu à Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad) um crescimento de 26% no número de empresas associadas em 2017, mesmo diante de grandes desafios para o setor – no caso, cobrir uma agenda intensa de trabalho, que envolveu a participação em consultas públicas importantes (como a de Suplementos Alimentares), bem como temas de alta relevância para os consumidores, como a discussão sobre rotulagem nutricional. “Fizemos um planejamento financeiro, além de um levantamento de demandas específicas, o que nos possibilitou reforçar a estrutura de staff e contratar serviços que pudessem profissionalizar cada vez mais a entidade. Foram passos fundamentais para priorizar a agenda de atuação, além de organizar os grupos de trabalho e a estrutura a fim de melhor servir às empresas associadas”, diz a presidente da Abiad, Tatiana Pires.
De acordo com ela, no caso de setores regulados o planejamento de uma associação deve contemplar o monitoramento das movimentações de diferentes esferas (como os poderes legislativo e executivo), de agências reguladoras, órgãos de ciência, tecnologia, tendências e comportamento e, sempre que possível, incluir programas e ações proativas que ajudem no fortalecimento e crescimento dos negócios do setor.
Leia aqui no Associações Hoje entrevistas nas quais Edmundo Lima, Tatiana Pires e Maurício Salvador falam mais um pouco sobre os desafios do planejamento em entidades associativas.
(Sérgio Siscaro)
Fonte: Associações Hoje