Resultados de março apontam crescimento nas vendas de alimentos para fins especiais - Abiad

Resultados de março apontam crescimento nas vendas de alimentos para fins especiais

09 de junho de 2020

Na contramão da produção geral brasileira, que recuou em março de 2020, tanto quando comparado com o mês anterior, quanto com março de 2019, o mercado brasileiro de alimentos para fins especiais apresentou crescimento em qualquer uma das duas situações.

Esses resultados constam na Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) Brasil do mês de março deste ano, na qual toda a economia brasileira e mundial estava sob forte impacto da pandemia da COVID-19. Segundo o estudo, a produção industrial brasileira sofreu redução de 9,1% em comparação a fevereiro de 2020 e queda de 3,8% em comparação com março do ano anterior. Ao mesmo tempo, o mercado brasileiro de alimentos para fins especiais cresceu 4,9% em comparação com março de 2019 e 3,4% no primeiro trimestre de 2020 quando comparado com igual período de 2019.

O que pode tornar este dado ainda mais interessante para os fabricantes nacionais, é que, mesmo com crescimento nas vendas, as importações de alimentos para fins especiais decresceram em 10% no primeiro trimestre de 2020, quando comparado com o mesmo período de 2019.

Em cenário diferente encontra-se o mercado nacional de bebidas dietéticas ou de baixas calorias, com queda nas vendas de 12,4% em relação a março de 2019 e de 1,5%, se considerado o primeiro trimestre deste ano comparado com o do ano anterior, o que pode ser explicado pelo fechamento de bares e restaurantes pelo isolamento social. E, ainda, essa categoria verificou um aumento de 65% nas importações no trimestre, quando comparado com 2019.

Se somadas as duas categorias, a balança comercial fechou o primeiro trimestre do ano em US$ 27 milhões negativos, contra US$ 14 milhões negativos do primeiro trimestre de 2019, um aumento de 87%, o que pode ser parcialmente explicado pela cotação do dólar.

Se por um lado, a pandemia de COVID-19 esfriou a economia de modo geral, alguns produtos tiveram aumento na procura, como é o caso da alimentação enteral. No fechamento desse texto, as mortes por COVID-19 ainda estavam acima de 10.000 por dia no mundo, o que demonstra uma realidade triste e ainda longe de seu encerramento. Pelas estatísticas mundiais e confirmadas no Brasil, somente 20% das pessoas contaminadas precisam de internação e, dependendo da fonte, de 5% a 15% precise ocupar um leito de UTI. Segundo a Associação de Médicos Intensivistas do Brasil – AMIB, cerca de 15% dos pacientes de COVID-19 na China foram para UTIs, enquanto a Sociedade Brasileira de Infectologia (SIB) estime que esse número seja de 5% no Brasil. Mesmo com tal amplitude, trata-se de elevado número de pessoas utilizando UTIs simultaneamente e com prazo longo frente à média de ocupação desses leitos – fala-se em 10 dias em média de UTI para pacientes de Coronavírus.

Segundo artigo de Hyeda e da Costa (2017), em uma amostra de 301 contas hospitalares, vinculadas à operadora de saúde, 17,3% dos custos de internação em UTI por doença pulmonar crônica são referentes à alimentação enteral. É difícil fazer uma estimativa precisa do valor movimentado em alimentação enteral nas UTIs nesses dias, pois, há informações de repasses superiores a R$ 4.000,00 por dia em hospitais privados e inferiores a R$ 700,00 ao SUS. De qualquer maneira, com os leitos de UTIs utilizados em quase sua totalidade, como foi o caso da capital paulista em meados de maio, é fácil se prever um aumento acentuado na comercialização desse produto.

Mas, apesar de ainda não perceptível, provavelmente os alimentos para fins especiais + dietéticos e de baixa caloria, bem como de edulcorantes, devem perceber um aumento com a pandemia atual. Isso porque diabéticos e obesos são grupos de risco independentemente da idade, o que pode levar essas pessoas a consumirem mais alimentos com calorias reduzidas e/ou sem glicose.

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